Caso PS3: não aguentamos mais a desculpa simples dos impostos altos
Mas não dá mais para engolir esse papinho.
Vamos supor que a Sony compra seus produtos de uma Best Buy nos EUA, e não da Sony internamente (aparentemente a Sony Brasil não tem desconto). Ela paga 28% de imposto de importação (se o produto for reindustrializado aqui a alíquota é diferente); de 25% a 32% de ICMS (dependendo do Estado); 50% de IPI (por ser um bem supérfluo) e uns trocados de PIS.
Não, a história é pior: a Sony Brasil acha que está fazendo um sacrifício para o bem do gamer brasileiro, já que o preço original deveria ficar na casa dos R$ 2.500.
"Na noite de ontem [terça-feira] conseguimos chegar ao preço de R$ 2 mil. Não estamos tendo margem em cima das vendas do console", disse hoje Anderson Gracias, gerente da divisão de videogames da Sony no Brasil, em almoço com jornalistas ao G1. Não fomos convidados para o almoço, infelizmente. Também não conseguimos entrevista com o Anderson, quando pedimos, meses atrás. Mas isso é outro papo.
E é mais ou menos isso. Eu comprei meu PlayStation 3 no Submarino por R$ 1.300, em 12 vezes no cartão. Bom? Foi um preço altíssimo: nos EUA, ele custa US$ 299, paguei mais que o dobro do preço. Mas há um detalhe meio incrível na minha transação: o Submarino obteve lucro. Todo mundo ganhou, não? Para a Sony, algumas redes grandes importam de maneira às vezes ilegal (mudando a descrição do produto, para pagar menos impostos), e o consumidor será educado a valorizar o produto oficial.
Vai mesmo? Então quer dizer que uma empresa atuando no Brasil é pior para o consumidor final? Encarece o produto? Será que, no caso dos videogames, é melhor ter uma representação indireta, como a Apple?
Apesar de não ser uma fabricante de videogames, ela é um bom exemplo porque 1) é considerada careira e 2) não tem fábrica aqui. Ela, como a Sony e seu PS3, apenas reembala o seu Macbook no Brasil, com tomada nova. E cobra bem menos em cima. O Macbook Pro que custa US$ 1.200 nas lojas dos EUA (R$ 2.113) sai por R$ 3.800 aqui. É bem caro, mas é menos que a metade, o mínimo que estamos acostumados. A verdade, como já demonstramos aqui, é que a política da Sony no Brasil é ter uma margem significativamente maior, cobrando 3 ou 4 vezes o preço em dólares, convertido.
Qual é a ideia? Para os otimistas, como o nosso Fabio Bracht, a simples "aposta" no mercado nacional é algo a se comemorar. Será?
Eu tenho um conselho, parafraseando um ministro do STF: "Saia as ruas, Sony". Anderson Gracias, reserve uma tarde entre uma reunião e outra e veja as respostas dos nossos comentaristas no outro post, ou os indignados do Fórum UOL. Ninguém engole mais a simples (e cruel, terrível, ok) explicação tributária. Eu não entendo.
Mas queremos entender você. De onde vem esse preço? Sabemos que no Brasil o lucro do varejista é dos maiores do mundo: se nos EUA a Best Buy vende um notebook por 7% a mais que comprou (ganhando em volume), aqui, pelo que ouvi, o lucro de grandes redes passa dos 25%. Mas explica tudo? Como podemos criar um mercado oficial? Só o Jogojusto é a solução? Ou uma nova postura dos fabricantes é necessária?
Eu, um feliz dono de PlayStation 3 que já comemorou o preço reduzido dos jogos, falo por todos os consumidores aqui do Giz: estamos de coração aberto, queremos entender o que você quer com os PlayStations a esse preço. Na minha cabeça, não faz sentido. E não vejo - sequer recomendo - alguém comprando. Sua vez.
Fonte Game Vicio
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